Um dos desaparecimentos mais misteriosos da história dos cruzeiros está sendo revisitado pela Netflix a partir desta quarta-feira (16/7). A minissérie de três partes “Onde está Amy Bradley?” investiga o caso da jovem de 23 anos que desapareceu do Rhapsody of the Seas, da Royal Caribbean International, em março de 1998.

De acordo com o serviço de streaming, a série documental explora os bastidores do evento, contando a história pela perspectiva da família e dos investigadores que, quase três décadas depois, ainda buscam por respostas.

Amy desapareceu sem deixar pistas, em cruzeiro pelo Caribe

Natural dos EUA, Amy Lynn Bradley estava a bordo do Rhapsody of the Seas com sua família, realizando um cruzeiro de sete noites pelo Caribe Sul, quando desapareceu na madrugada de 24 de março de 1998.

Após partir de Porto Rico no dia 21 do mesmo mês, o navio da Royal Caribbean navegava entre os portos de Aruba e Curaçao no momento do desaparecimento.

Na última noite em que foi vista, Amy e seu irmão estiveram na balada da embarcação, retornando para a cabine por volta das 3h30. Seu pai ainda a viu dormindo em uma espreguiçadeira na varanda da cabine por volta das 5h30.

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Pai de Amy Bradley chegou a vê-la dormindo na varanda da cabine da família

No entanto, às 6h, quando a família acordou, Amy não estava mais no local. Apesar de buscas imediatas, nenhum vestígio foi encontrado.

A mãe de Amy, Iva Bradley, relatou em uma entrevista de 2005 que implorou à tripulação para não permitir o desembarque em Curaçao.

“Nós dissemos a eles que se Amy tivesse saído do quarto por mais de 15 minutos, ela teria nos deixado um bilhete”, disse Iva à NBC News na ocasião. “E eles baixaram a rampa de acesso de qualquer maneira.”

Buscas, avistamentos e a investigação do FBI

O caso gerou uma investigação do FBI que permanece ativa até hoje. De acordo com relatos colhidos na época, Amy teria sido avistada, por volta das 5h45, nos decks externos do navio com Alister Douglas, um membro da então banda residente a bordo do Rhapsody of the Seas, com quem já havia sido vista mais cedo na balada.

Três testemunhas confirmaram a história, dizendo que Amy e Alister estavam consumindo uma bebida de aparência turva e utilizando uma câmera analógica. Os dois teriam seguido para um elevador juntos, enquanto Alister foi depois visto sozinho na mesma área por volta das 6h.

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Amy teria sido vista pela última vez no deck externo do Rhapsody of the Seas (foto) ao amanhecer

Junto a autoridades locais, a Royal Caribbean conduziu uma busca de quatro dias pela passageira, que contou com um barco fretado, além de três helicópteros e um avião. A suspeita inicial era de que Amy tivesse caído do navio ou saltado da embarcação para cometer suicídio.

As buscas, no entanto, não retornaram resultados. Os investigadores da época não chegaram a uma conclusão, afirmando que não havia evidência de que Amy, que havia trabalhado como guarda-vidas, tivesse caído do Rhapsody.

Avistamentos e rumores

Sem uma resposta concreta para o caso, Amy ganhou o imaginário popular e passou a ser alvo de vários rumores nas décadas seguintes. Ao longo dos anos, diversos avistamentos não confirmados de Amy foram relatados no Caribe, alguns que alimentaram teorias de que ela poderia ter sido vítima de tráfico humano.

Alguns dos avistamentos chegaram a ser investigados pelo FBI, que não conseguiu corroborar a versão das testemunhas. Embora Amy tenha sido declarada legalmente morta em 2010, o órgão norte-americano ainda oferece uma recompensa de até US$ 25.000 por informações que levem à solução do caso.

Rhapsody of the Seas retornou a Porto Rico em 2024

Navio passou por grande revitalização em 2012

Um dos seis navios da classe Vision, o Rhapsody of the Seas segue operando para a Royal Caribbean International. Construído em 1997, o navio tem capacidade para cerca de 2,5 mil passageiros e vem realizando itinerários pelo Caribe e pelo Mediterrâneo nos últimos anos.

A embarcação passou por uma grande reforma em 2012, durante a qual recebeu novas atrações, cabines atualizadas e restaurantes de especialidade.

Em uma ironia do destino, o Rhapsody of the Seas voltou a navegar a partir do porto de San Juan, em Porto Rico, em maio de 2024. Assim como em 1998, o navio vem realizando cruzeiros de sete noites pelo Caribe Sul que incluem paradas em destinos como Curaçao, Aruba e Bonaire.

Os itinerários serão oferecidos até o próximo mês de novembro, quando a embarcação passa a oferecer cruzeiros partindo de Tampa, no estado norte-americano da Flórida.

Navio teve também passagem pelo Brasil

Rhapsody em Santos durante temporada nacional

Palco do mistério envolvendo Amy Bradley, o Rhapsody of the Seas teve também uma passagem pelo Brasil. Servindo o público local, o navio realizou uma temporada completa na América do Sul entre 2015 e 2016.

Na ocasião, o Rhapsody realizou embarques em Santos para mini-cruzeiros e itinerários de sete noites rumo ao Prata, visitando destinos na Argentina e Uruguai.

Aquela estação marcou a despedida da Royal Caribbean do país, tornando o Rhapsody o último navio da companhia a realizar uma temporada completa em águas nacionais.

Netflix lançou também documentário sobre o “Cruzeiro do Cocô”

Cruzeiro do Cocô
Imagem promocional da Netflix para o documentário “Desastre Total: Cruzeiro do Cocô”

A mini-série “Onde está Amy Bradley?” é o segundo título lançado pela Netflix neste ano a revisitar um caso ocorrido a bordo de um navio de cruzeiro.

Há alguns meses, a plataforma também lançou um documentário sobre o “Cruzeiro do Cocô”, o “Poop Cruise”, em inglês. O caso aconteceu a bordo do Carnival Triumph em 2013quando um incêndio deixou o navio à deriva, e foi retratado na série “Desastre Total”.

Cruzeiro do Cocô: relembre o incidente da Carnival que agora é episódio de série na Netflix

Texto (©) Copyright Daniel Capella (com informações de Netflix) / Imagens (©) Copyright Daniel Capella, Royal Caribbean (doca-seca) e Netflix (Cruzeiro do Cocô)