
Com a escalada da instabilidade política e de incertezas em relação à segurança na macroregião do Oriente Médio, duas companhias de cruzeiro já cancelaram suas operações nos Emirados Árabes e Golfo Arábico para a temporada 2025/2026.
A AIDA Cruises havia sido a primeira a anunciar a medida, no começo deste mês. Na última semana, a Costa Cruzeiros também optou por cancelar todos os seus roteiros partindo dos Emirados Árabes Unidos e Qatar previstos para a próxima estação.
A Costa iria operar o maior navio de sua frota, o Costa Toscana, na região entre os meses de dezembro e março. Já a AIDA pretendia dedicar o AIDAprima ao Oriente Médio, com roteiros na região entre novembro e março.
Falta de clareza e situação fluída
As marcas da Carnival Corporation citaram razões parecidas para cancelar seus itinerários na região, mencionando que, neste momento, o Golfo Arábico não oferece previsibilidade.
“Devido à situação atualmente fluida no Oriente Médio, que continua imprevisível para o futuro próximo, a Costa deseja fornecer aos seus hóspedes uma clareza confiável sobre seus planos de férias para a próxima temporada de inverno o mais cedo possível”, disse a companhia em seu comunicado.

Já a AIDA citou também questões de segurança em seu comunicado de cancelamento, afirmando que a situação real da região não “pode ser avaliada de forma confiável no futuro próximo”.
“Com esta decisão, queremos dar a nossos hóspedes clareza e certeza sobre suas viagens de férias na próxima temporada o mais cedo possível. Ao mesmo tempo, a segurança dos hóspedes e da tripulação é nossa principal prioridade”, acrescentou a companhia.
Primeiro cancelamento em 20 anos de operações

A decisão é significativa já que ambas as companhias vinham operando na região há cerca de 20 anos. Pioneiras na região, tanto a Costa como a AIDA estrearam no Golfo Arábico na temporada 2006/2007.
Com exceção dos anos da pandemia, as companhias nunca haviam deixado de operar na região nas últimas duas décadas. A AIDA, inclusive, foi responsável por inaugural o terminal de Dubai, em 2021.
Outras companhias mantém planos
Outras três companhias, no entanto, mantém seus planos para temporadas nos Emirados Árabes e Golfo Arábico até o momento: a MSC Cruzeiros, a TUI Cruises e a Celestyal.
A primeira pretende operar o MSC Euribia na região, com roteiros partindo de Dubai e Abu Dhabi, ambas nos Orientes Árabes Unidos, entre o começo de novembro de 2025 e o final de março de 2026. A companhia segue, inclusive, promovendo pacotes para o destino no mercado brasileiro.

Já a TUI Cruises tem planos para operar o Mein Schiff 5 a partir de Dubai e Doha, no Qatar. Servindo o mercado alemão, o navio tem previsão de chegada ao Golfo Pérsico na metade de dezembro, seguindo na região até o começo de março.
Após estrear no Oriente Médio na última temporada, a Celestyal também segue firme em seus planos para retornar à região. A companhia cipriota pretende ainda dobrar sua capacidade local, com a chegada de um segundo navio. Tanto o Celestyal Journey como o Celestyal Discovery contam com itinerários partindo de Dubai, Abu Dhabi e Doha entre dezembro e março.
Mar Vermelho também fora dos itinerários
A região do Mar Vermelho também segue fora dos itinerários dos navios de cruzeiro por conta de preocupações de segurança. Rota mais curta entre o continente europeu e o Oriente Médio, o mar – localizado entre o Egito e a Arábia Saudita – não recebe passageiros desde o final de 2023.
A região vem sendo alvo de ataques de grupos terroristas, que miram navios durante o trânsito pelo estreito Bab el-Mandeb. De acordo com o site especializado Vessel Tracker, o último dia 6, o graneleiro Magic Seas foi atacado na região, se incendiando após um ataque coordenado envolvendo mísseis e drones marinhos.

Sem poder transitar pela região, os navios de cruzeiro tem optado por contornar o continente africano para chegar no Oriente Médio. A rota, no entanto, é consideravelmente mais longa e menos atrativa, já que não conta com portos com infraestrutura adequada para navios de grande porte.
Um exemplo é cruzeiro de posicionamento cancelado pela Costa recentemente, que navegava entre a Itália e os Emirados Árabes Unidos via o Cabo da Boa Esperança. A viagem tinha 38 noites de duração, mas realizava escala em apenas dez portos, incluindo cinco ainda no continente europeu.
Após deixar as Ilhas Canárias, o itinerário incluía paradas na Namíbia, África do Sul, Ilhas Maurício e Omã, além de um total de 25 dias em alto mar.
Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Copyright Costa, AIDA, Rui Minas e Daniel Capella