
A Pullmantur Cruceros, companhia espanhola que marcou época no Brasil com seus navios e cruzeiros com tudo incluído, encerrou definitivamente suas operações em 2021.
O colapso da empresa foi acelerado pela pandemia de COVID-19, mas teve origem em desafios anteriores.
O processo envolveu a entrada em recuperação judicial, o desmanche de toda a sua frota e, por fim, a liquidação e venda da marca.
Quatro anos depois, no entanto, a marca voltou a ficar em evidência com o potencial retorno da CVC ao mercado de cruzeiros. Principal parceira da operadora de viagens brasileira, as empresas trabalharam em conjunto por quase duas décadas.
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A recuperação judicial e a pandemia

Em junho de 2020, a Pullmantur, então uma joint-venture entre o Grupo Royal Caribbean e o fundo de investimento espanhol Springwater, entrou com um pedido de recuperação judicial na Espanha.
A paralisação global da indústria de cruzeiros foi o estopim para uma empresa que já enfrentava dificuldades financeiras há alguns anos.
Como noticiado pelo Portal World Cruises na época, o conselho de diretores da companhia afirmou que “os obstáculos causados pela pandemia eram muito grandes para a Pullmantur enfrentar sem uma reorganização”.
O fim da frota: desmanche em Aliaga e Alang

O passo mais concreto do fim da empresa foi o desmanche de seus navios, que, apesar de operar para a Pullmantur, eram de propriedade da Royal Caribbean.
Em julho de 2020, os navios Sovereign e Monarch, os maiores da frota, foram encalhados para demolição em Aliaga, na Turquia.
O terceiro navio da frota, o Horizon, foi inicialmente vendido para terceiros, mas não voltou a operar e também acabou sendo levado para desmanche alguns anos depois, em Alang, na Índia. Outros dois navios, o Zenith e o Empress, já haviam deixado a frota da companhia anteriormente.
‘Quase’ um retorno: a tentativa frustrada de salvar a empresa

Sem seus navios, a Pullmantur passou a considerar cenários para retomar suas operações utilizando novas embarcações.
Uma das principais alternativas à época era a aquisição de navios de outra marca do Grupo Royal Caribbean, a Celebrity Cruises. A possibilidade incluía a transferência de navios da classe Millennium e foi inicialmente especulada pela imprensa espanhola.
Depois, a própria Pullmantur chegou a manifestar sua intenção. As negociações, no entanto, não avançaram. A Celebrity negou publicamente a possibilidade, frustrando os planos de um retorno e acelerando o fechamento da empresa.
O golpe final: a marca vendida por uma fração de seu valor

Sem frota e sem conseguir um novo plano de viabilidade ainda no contexto da pandemia, a companhia teve sua liquidação decretada em definitivo em julho de 2021.
Em 2023, os ativos restantes, incluindo a marca “Pullmantur”, foram a leilão. Com o mercado de viagens ainda sentindo os efeitos da emergência sanitária, a venda não despertou, inicialmente, o interesse de nenhum comprador.
Foi necessário um segundo leilão para concretizar a venda da marca, que já havia sido avaliada em 10 milhões de euros no passado.
De acordo com o jornal espanhol El Economista, uma empresa do setor imobiliário espanhol arrematou a marca por cerca de 150 mil euros, encerrando o capítulo da Pullmantur Cruceros na história da navegação.
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O legado no Brasil: mini-cruzeiros e sistema all-inclusive

A Pullmantur se tornou muito popular no Brasil por seus minicruzeiros com sistema all-inclusive, operados tanto sob a bandeira da própria companhia como parte de uma longa parceria com a CVC.
O Sovereign, apelidado de “Soberano”, foi o protagonista da última fase dessa colaboração, com sua temporada final no país ocorrendo em 2019/2020, poucos meses antes do início da pandemia.
O último cruzeiro do navio, inclusive, partiu do Brasil em março de 2020, como parte de sua viagem de travessia rumo à Europa.
O fantasma da Pullmantur e o futuro da CVC no mercado

Sem a Pullmantur, a CVC agora ensaia um potencial retorno ao mercado de cruzeiros para a temporada 2026/2027.
Citando a diminuição considerável da oferta local na próxima estação nacional, a empresa disse considerar trabalhar com outras companhias para trazer navios ao Brasil.
A operação, no entanto, depende não só da viabilização de fretamentos, como também dos números gerais do mercado. Entenda:
Texto e Imagens (©) Copyright Daniel Capella