
A indústria de cruzeiros tem investido pesadamente em tecnologias ambientais, e os resultados já são visíveis a bordo, revelou a CLIA Brasil em um comunicado de imprensa.
A associação revelou que o recém-lançado Relatório Anual de Tecnologias e Práticas Ambientais (ETP) mostra que os navios vem incorporando sistemas avançados que permitem, por exemplo, transformar lixo em energia e reduzir significativamente o desperdício de alimentos.
O documento foi elaborado pela Cruise Lines International Association, a CLIA Global, e traça o perfil da frota de suas associadas, destacando avanços mensuráveis na agenda ambiental das empresas.
A associação destacou que representa cerca de 90% dos navios de cruzeiro que operam ao redor do mundo.
A ‘mágica’ do lixo que vira energia a bordo

Uma das áreas com maior inovação, segundo o relatório, é a gestão de resíduos a bordo. As tecnologias mais avançadas já permitem que alguns navios reciclem ou reaproveitem quase todo o lixo gerado durante uma viagem.
- Sistemas de gaseificação de resíduos: já presentes em oito navios da frota, estes sistemas transformam resíduos sólidos em gás de síntese, que pode ser usado para gerar energia para o próprio navio.
- Digestores microbianos para resíduos alimentares: atualmente em operação em 128 navios (45% da frota), esta tecnologia reduz drasticamente o volume de desperdício de alimentos. Segundo a CLIA, era uma prática quase inexistente há apenas cinco anos.
O caminho para a emissão zero: do GNL à energia de terra

O relatório também aponta um grande progresso na transição para fontes de energia mais limpas, com o objetivo de atingir emissões líquidas zero até 2050.
- Energia elétrica em terra, ou shore power: 166 navios (58% da frota) já possuem a capacidade de se conectar à rede elétrica nos portos, um aumento expressivo em relação aos 55 navios de 2018.
- Navios bicombustível: em 2018, apenas um navio podia operar com combustíveis alternativos como o GNL. Hoje, são 19, com a previsão de chegar a 32 até 2036.
“As companhias de cruzeiros são pioneiras e inovadoras em tecnologia marítima”, afirmou Bud Darr, presidente e CEO da CLIA.
“As companhias estão investindo dezenas de bilhões de dólares para construir a frota do futuro, incluindo mais de 80 novos navios encomendados em todo o mundo com essas e outras inovações”, acrescentou.
Autossuficiência em água e tratamento avançado

A gestão da água é outro ponto de destaque. Atualmente, 279 navios (mais de 98% da frota) possuem sistemas de dessalinização a bordo, o que os torna praticamente autossuficientes na produção de água potável, reduzindo a dependência dos portos.
Além disso, 234 navios (82% da frota) já contam com sistemas avançados de tratamento de efluentes, que superam os requisitos internacionais.
No Brasil, a CLIA vem trabalhando para viabilizar a operação de embarcações com as novas tecnologias, especialmente no setor de combustíveis. A associação busca auxiliar portos e destinos na implantação de infraestrutura que suporte operações como abastecimento de GNL.
Texto (©) Copyright Daniel Capella (com informações de CLIA Brasil) / Imagens (©) Copyright CLIA e Daniel Capella