
O Brasil precisa de um plano estratégico de longo prazo para o setor de cruzeiros se quiser competir globalmente e atrair mais navios. O alerta é de Dario Rustico presidente da Costa Cruzeiros para as Américas.
Em entrevista exclusiva com o Portal World Cruises durante a última ABAV, o executivo destacou a urgência de uma abordagem de longo prazo para o sucesso da indústria de cruzeiros no país.
Segundo Rustico, que também preside o conselho da CLIA Brasil, o histórico de desenvolvimento “muito tático” do país prejudicou o crescimento e a atratividade para investimentos no longo termo.
“O tema no Brasil é que se praticou um desenvolvimento muito tático, que também cortou a oportunidade de muitas companhias globais importantes se posicionarem aqui no Brasil”, afirmou Rustico.
Planejamento estratégico de longo prazo

Uma das oito marcas da Carnival Corporation, a Costa Cruzeiros é parte do maior conglomerado de cruzeiros do mundo. Nenhuma das outras companhias do grupo tem atuação direta no país.
“Quem conhece a indústria de cruzeiros sabe que, neste momento, as empresas estão vendendo ativamente os roteiros de 2028 ao redor do mundo”, explicou.
As atenções, nesse momento, se voltam para os anos seguintes, com planos e programação em andamento para 2029 e 2030.
“Então, para poder competir neste panorama de turismo global é essencial desenvolver um plano estratégico de meio e largo prazo e ter a ambição de crescer nesse contexto”, completou o executivo.
Os 3 pilares que faltam: Infraestrutura, Custo e Credibilidade

Para Rustico, essa competitividade passa por melhorias em três áreas cruciais, que ele resumiu como os principais desafios a serem superados. O primeiro pilar é a infraestrutura.
“Antes de tudo, falta infraestrutura. Instalações e portos dedicados aos cruzeiros e não compartilhados com operação de carga”, criticou Rustico.
Ele citou Hong Kong, Shanghai, Singapura, Dubai, Miami, Gênova, Hamburgo e Barcelona como exemplos de cidades portuárias que, mesmo mantendo operações de carga relevantes, “criaram em paralelo um caminho de desenvolvimento turístico bem importante”.
“Isso passou também por criar terminais de cruzeiros dedicados, e um caminho dedicado para os passageiros”, ressaltou, lembrando que os navios modernos precisam de estrutura para tecnologias como shore power e abastecimento de GNL, o gás natural liquefeito.

De acordo com Rustico, o segundo pilar é o custo operacional, com redução dos gastos para os cruzeiros no país.
“Precisamos saber, conhecer e competir com o que acontece no resto do mundo. Outro roteiro, outro circuito: Ilhas Canárias, Mediterrâneo, Caribe, Singapura, Dubai. Conhecer para competir é algo que é bem importante a nível de custo”, declarou.
O terceiro fator, crucial para o planejamento das companhias, é a credibilidade e a segurança institucional.
Rustico enfatizou a necessidade de o país entrar no circuito de decisão de longo prazo dos armadores, oferecendo segurança para a tomada de decisões.
“Precisamos vender certezas a nível, não somente de infraestrutura e custos, mas também de credibilidade a nível de burocracia, de carga tributária e muitas outras coisas. O navio é um mundo a parte”, explicou.
‘Vamos ser otimistas’: a expectativa de mesas de trabalho com o Governo

Apesar dos desafios, Rustico, na posição de presidente do Conselho da CLIA Brasil, mostrou-se otimista com o diálogo futuro.
“Esperamos, nas próximas semanas ou nos próximos meses, poder começar a abrir mesas de trabalho junto com o governo, com o ministro dos Portos e Aeroportos, com o Ministério do Turismo e com a Embratur, para desenvolver os pontos que permitam ao Brasil ser muito mais competitivo“, afirmou.
“Vamos ser otimistas que podemos chegar no lugar certo”, finalizou Rustico.
Na temporada 2025/2026, a Costa Cruzeiros traz dois navios ao Brasil: o Costa Diadema e o Costa Favolosa. Confira detalhes da operação nacional da companhia:
Texto e Imagens (©) Copyright Daniel Capella













