Os diretores locais das quatro maiores companhias de cruzeiro do mundo discutiram o status atual do mercado brasileiro em painel dedicado no Fórum CLIA Brasil, que acontece nesta quarta-feira (3/9), em Brasília.

Com representantes da Carnival Corporation, do Grupo Royal Caribbean, da MSC Cruzeiros e da Norwegian Cruise Line Holdings, a discussão trouxe tópicos como oportunidades para o país, além de desafios para o futuro.

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Norwegian Cruise Line Holdings

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Estela Farina da NCLH falou da expectativa de trazer navios pro Brasil

A diretora da Norwegian Cruise Line Holdings voltou a abordar a possibilidade de a marca principal do grupo realizar uma temporada no Brasil.

“Não é ainda um plano tão próximo. As reuniões sempre trazem uma esperança e uma expectativa positiva, mas continuamos fazendo passagens com a Oceania e a Regent”, explicou.

Farina ainda destacou a popularidade dos itinerários com o público estrangeiro, acrescentando que os navios costumam estar lotados durante as escalas no país.

“A gente trabalha o Brasil como exportativo, vendendo os cruzeiros internacionais. Mas, como destino, não há dúvida de que é também uma oportunidade”, explicou.

Já com a marca Norwegian Cruise Line, Farina disse que espera “em breve conseguir também estar mais presente aqui na nossa costa“.

A nível mundial, o grupo Norwegian Cruise Line Holdings já lançou dois navios em 2025 e tem planos de construir mais de dez embarcações adicionais até 2036.

Grupo Royal Caribbean

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Dirigido no Brasil por Renata Lazari, Grupo Royal Caribbean inclui marcas como a Royal Caribbean International e a Celebrity Cruises

A diretora geral do Grupo Royal Caribbean no Brasil, Renata Lazari, disse que o país precisa ser mais competitivo se quiser atrair navios da companhia para temporadas locais.

“Estamos sempre analisando as oportunidades. O Brasil concorre com outros países, e esse é o desafio que nós temos: trabalhar para fazer o nosso país mais acessível e mais pro-business do que é hoje“, disse Renata Lazari, diretora geral da Royal Caribbean no Brasil.

Lazari também destacou a operação da Celebrity Cruises e da Silversea Cruises pelo Brasil, com itinerários voltados ao público estrangeiro.

Outra novidade é o retorno dos itinerários partindo da Colômbia e do Panamá, que são atrativos para o público brasileiro, com a possibilidade de viajar pelo Caribe sem precisar de visto americano.

Retornando no final deste ano, o roteiro terá embarques em Cartagena de Indias e Colón e será oferecido durante o ano inteiro a partir de 2026.

Lazari também destacou os planos de expansão do Grupo Royal Caribbean, que incluem a construção de novos navios e o acréscimo de novos destinos privativos no Caribe e Pacífico Sul.

MSC Cruzeiros

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Diretor geral da MSC Cruzeiros no Brasil, Adrian Ursilli destacou potencial do mercado

O diretor geral da MSC Cruzeiros no Brasil, Adrian Ursilli, lamentou a diminuição da oferta no Brasil na temporada 2025/2026, mas destacou as oportunidades para o país.

A companhia é uma das que irá reduzir a capacidade local, trazendo um navio a menos para o mercado nacional durante a temporada.

O Brasil precisa melhorar seus índices e gargalos, especificamente custos portuários, trabalhistas e tributos, para que o setor possa ser mais competitivo no país”, disse Ursilli.

Caso contrário, o mercado nacional perderá a competição com outros destinos, explicou, destacando a “operação robusta” da MSC no Brasil.

Para que a gente possa voltar a crescer, precisamos fazer nossa lição de casa“, acrescentou o diretor.

Ursilli também destacou os pontos positivos do país para o mercado, dizendo que condições semelhantes são difíceis de encontrar em outras partes do mundo.

“Se o futuro nos brindar com a superação desses entraves, o que nos espera é muito promissor. O mundo dos cruzeiros vive um momento muito especial, com navios cada vez mais modernos e sustentáveis, e novas áreas serão exploradas.”

Com relação à diminuição da oferta da próxima temporada, Ursilli disse que todos perdem, incluindo as cidades, os portos e os hóspedes, que ficam com menos opções.

“Mas temos esperança de reverter essa situação e esperamos que seja logo”, acrescentou.

Costa Cruzeiros e Carnival Corporation

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Dario Rustico é presidente para as Américas na Costa Cruzeiros

O presidente executivo da Costa Cruzeiros para as Américas, Dario Rustico, disse que o Brasil precisa agarrar as oportunidades que se apresentam, agindo de maneira mais proativa.

“Se surge uma oportunidade e não desenvolvemos, para que serve a oportunidade? O ponto fundamental é fazer, solucionar problemas e desenvolver oportunidades. Essas oportunidades e problemas vão sempre existir; a questão é o que fazemos com elas”, explicou.

Rustico disse que, historicamente, o mercado registra janelas de oportunidade, citando os anos de 2008 e 2009, quando o país teve recorde de navios e passageiros.

“Em 2022 e 2023, surgiu outra janela, mas os números voltaram a baixar agora, pois o país não soube aproveitá-la“, acrescentou.

Se tudo for solucionado, o “Brasil vira non-stoppable“, disse Rustico, acrescentando que os recentes números recorde da indústria de cruzeiros nacional ainda são “muito pequenos, muito ruins” para a realidade e potencial do país.

Outro ponto abordado por Rustico foi a sustentabilidade, destacando a redução de emissões da Carnival Corporation, grupo do qual a Costa Cruzeiros faz parte.

Segundo o presidente, enquanto a frota da companhia cresceu cerca de 30% desde meados de 2010, as emissões dos navios diminuíram aproximadamente 10% no mesmo período.

CLIA Brasil

Para o presidente executivo da CLIA Brasil, Marco Ferraz, os diretores das companhias atuam como “embaixadores do Brasil” nas empresas, promovendo planos de negócio para trazer mais navios e operações para o país.

No entanto, o mercado local precisa de mais portos de embarque e trânsito, apresentando problemas de custo e regulação, além de questões de visto, reforma tributária, lei trabalhista e até mesmo excesso de ações de consumidores.

É parecido com o que as companhias aéreas falam no Brasil; o discurso é igual. Mas precisamos muito de infraestrutura e custos competitivos”, explicou.

Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Copyright Daniel Capella e CLIA Brasil