
A longa carreira de um dos navios de cruzeiro mais antigos do mundo chegou ao fim no começo deste mês. Após cerca de cinco anos atracado na Holanda, o Astoria foi vendido em leilão e chegou a um estaleiro de desmanche em Ghent, na Bélgica, onde será agora desmontado.
Encerrando uma carreira de 77 anos, o ex-transatlântico não operava desde 2020, quando a britânica Cruise & Maritime Voyages decretou falência.
Leilão em Rotterdam e a jornada final
Após quase cinco anos de incertezas, o Astoria foi finalmente vendido em leilão por 200 mil euros para a empresa de reciclagem belga Galloo. A empresa de reciclagem belga foi a única a dar um lance durante a hasta, que, como noticiado pelo Portal World Cruises, aconteceu no dia 17 de junho de 2025.
O navio partiu, então, em última viagem começou em 3 de julho, deixando Rotterdam rebocado rumo ao porto belga de Ghent, onde será agora desmantelamento.
O processo de reciclagem deve levar cerca de um ano e envolve a remoção de componentes vitais, além da separação de materiais para reutilização apropriada.
Aos 77 anos, navio de cruzeiros mais antigo do mundo será leiloado
De transatlântico de linha a navio de cruzeiro
O Asstoria foi originalmente construído em 1948 como Stockholm para a Swedish America Line. Projetado para realizar viagens regulares na linha entre a Suécia e os Estados Unidos, tinha capacidade para 390 hóspedes.
No início dos anos 1990, foi convertido em um navio de cruzeiro, passando por uma grande reconstrução na Itália. Sua última operadora foi a Cruise & Maritime Voyages (CMV), companhia britânica que faliu durante a pandemia de COVID-19 em 2020.
Durante a década de 70, operou também para a Deutsche Seereederei Rostock, empresa que posteriormente deu origem à AIDA Cruises, hoje marca alemã da Carnival Corporation.
A colisão com o Andrea Doria

A trajetória de mais de sete décadas do Astoria foi marcada por diversos momentos notáveis, com o navio operando sob diferentes nomes e bandeiras.
Um dos episódios mais famosos ocorreu em 25 de julho de 1956, quando, com seu nome original Stockholm, navegava em meio a um denso nevoeiro na costa de Nantucket, nos Estados Unidos.
Ainda operando viagens de linha entre a Suécia e a América do Norte, o futuro Astoria colidiu com o luxuoso transatlântico italiano Andrea Doria, que acabou adernando e naufragando.
Apesar dos danos severos em sua própria proa, o Stockholm permaneceu no local do acidente e resgatou 572 passageiros e tripulantes do navio italiano. Investigação posterior livrou a tripulação do navio de culpa, concluindo que a equipe do Andrea Doria não havia seguido procedimentos padrão para evitar colisões.
Da crise dos mísseis a ataques piratas

A história do navio ainda inclui outros fatos notáveis ao longo das décadas seguintes. Navegando sob a bandeira da Alemanha Oriental, o navio furou o bloqueio dos EUA à Cuba durante a Crise dos Mísseis. O episódio aconteceu em outubro de 1962, quando o então Volkerfreundschaft realizou viagem rumo à Havana.
Já como Athena, para a Classic International Cruises, o navio foi atacado por piratas em dezembro de 2008, mas conseguiu evitar a abordagem usando canhões de água de alta pressão.
Entre o final dos anos 80 e o início dos 90, com o nome Fridtjof Nansen, também serviu como alojamento para requerentes de asilo em Oslo, na Noruega.
Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Copyright Rivages du Monde e arquivo