
Um dos incidentes mais midiáticos da história recente dos cruzeiros foi revisitado pela Netflix este mês. O caso, que aconteceu em 2013, ficou conhecido como “Cruzeiro do Cocô” e ocorreu a bordo do Carnival Triumph.
Agora tema de um dos episódios da nova temporada da série antológica Desastre Total, o incidente foi marcado por um incêndio que levou o navio da Carnival a ficar à deriva com sistemas de encanamento inoperantes.
A série documental da Netflix explora os bastidores de eventos que dominaram as manchetes, contando as histórias pela perspectiva das pessoas que viveram o caos.
Incêndio em alto-mar e o início do ‘Cruzeiro do Cocô’

O incidente ocorreu em 10 de fevereiro de 2013, durante um cruzeiro de quatro noites que partiu de Galveston, nos EUA, a bordo do Carnival Triumph.
Um incêndio na casa de máquinas causou uma perda total de energia na embarcação da Carnival Cruise Line. O sinistro não deixou feridos a bordo e não causou dano estrutural ao navio, sendo rapidamente controlado.
O fogo, entretanto, deixou a embarcação à deriva no Golfo do México por mais de quatro dias, com mais de 4 mil pessoas a bordo, entre tripulantes e passageiros.
Com a falta de energia, o sistema de esgoto de bordo também parou de funcionar, fazendo com que banheiros fossem desativados e transbordassem, sujando áreas públicas e cabines do navio.
Esgoto se espalha por áreas públicas e cabines

Segundo relatos, o esgoto se espalhou por toda a embarcação, gerando o apelido “Cruzeiro do Cocô” (ou “Poop Cruise”, em inglês) pelo qual o incidente ficou famoso.
Sem ar-condicionado e com suprimentos de comida limitados, os passageiros tiveram que se abrigar nos decks abertos e comer apenas alimentos e lanches frios.
Enquanto o navio estava à deriva, outras embarcações da Carnival, como o Carnival Elation e o Carnival Legend, foram deslocadas para entregar comida e água aos passageiros e tripulantes.
O Carnival Triumph foi então rebocado para o porto de Mobile, também nos Estados Unidos, em operação complexa que envolveu quatro rebocadores e sofreu atrasos após o rompimento de um dos cabos.
O navio só conseguiu atracar no porto no estado do Alabama na noite de 14 de fevereiro, colocando fim ao “Cruzeiro do Cocô” quatro dias após a partida de Galveston.
Outros incidentes

Além do incidente do “Cruzeiro do Cocô”, o Carnival Triumph tem sua carreira marcada também por outras desventuras. Uma delas ocorreu logo após o incêndio, em abril de 2013.
Enquanto era reparado em um estaleiro no estado norte-americano do Alabama, o navio rompeu suas amarras durante uma ventania e colidiu com outras duas embarcações. O incidente atrasou ainda mais seu retorno ao serviço.
Antes do incêndio, em 2012, o navio chegou a ser arrestado no porto de Galveston, antes de partir para um novo cruzeiro, como garantia em um processo judicial contra a Carnival Corporation.
Com o navio preso pelas autoridades locais, a companhia se viu forçada a cancelar o cruzeiro que começaria naquele dia.
Reforma e troca de nome
Alguns anos após o “Cruzeiro do Cocô”, o Carnival Triumph passou por uma remodelação completa, que contou com investimento de mais de US$ 200 milhões.
Na ocasião, a Carnival Cruise Line também decidiu mudar o nome da embarcação, que agora navega como Carnival Sunrise. O projeto incluiu a reconstrução total dos interiores e áreas públicas, que ganharam novas atrações e uma aparência mais moderna.
Além do Triumph, a companhia também revitalizou outros dois navios da mesma classe, o Carnival Destiny e o Carnival Victory. Após projetos semelhantes, as embarcações passaram a se chamar Carnival Sunshine e Carnival Radiance, respectivamente.
Com seu novo nome e características, o Carnival Sunrise vem navegando normalmente desde 2019. Atualmente realiza cruzeiros curtos partindo de Miami, no estado norte-americano da Flórida. Os itinerários de quatro e cinco noites visitam destinos nas Bahamas e Caribe.
Construído pelo estaleiro italiano Fincantieri, o Triumph havia originalmente entrado em operação 1999. Após a reforma, passou a contar com capacidade para 2.984 passageiros em ocupação dupla.
Melhorias de segurança na frota da Carnival

Após o incidente de 2013, a Carnival também investiu US$ 300 milhões em um programa de melhorias de segurança para toda a sua frota.
O objetivo era prevenir riscos de incêndio e garantir a operacionalidade dos navios, que ganharam novas medidas de redundância em caso de incidentes.
A principal medida foi a instalação de sistemas de geradores de emergência adicionais em todas as embarcações da frota, garantindo que as funções essenciais a bordo sejam mantidas mesmo em caso de falha na energia principal.
Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Copyright Daniel Capella, Netflix, Guarda Costeira dos EUA e Carnival Cruise Line